domingo, julho 02, 2006

Eu tenho um sonho

Texto de autoria do Raphael


"I have a dream that one day this nation will rise up and live out the true meaning of its creed: 'We hold these truths to be self-evident, that all men are created equal'."

"Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença: 'Nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais.'" [ Mr. Martin Luther King, em discurso realizado em 28 de agosto de 1963, em Washington, EUA, no Lincoln Memorial ]

O sonho de King, não representava apenas um ideal em prol da igualdade de raças.Representava um ideal em prol da humanidade.

Em prol da liberdade.

Qualquer semelhança no discurso de King com o ideal espírita, não é mera coincidência.

Afinal, onde está, a liberdade tão sonhada por King, e tão propalada pelos espíritos?

”– É pelo pensamento que o homem desfruta de uma liberdade sem limites, porque o pensamento desconhece obstáculos. Pode-se deter seu vôo, mas não aniquilá-lo.” [ in O livro dos Espíritos – Questão 833 ]

Liberdade plena e irrestrita de pensamento?

Balela.

Que liberdade é essa, tão obtusa, que pode ser detida?

Que liberdade é essa, restrita, e que não pode ser aniquilada, nos trazendo o falso conforto da ignorância?

Onde está a consciência, a real e irrestrita consciência, de modo que todo e qualquer ser saia do ostracismo melífluo que assola a humanidade?

Não adianta nada, empunhar a bandeira do sectarismo, em prol de uma causa que não se luta.

Se um dia sonhamos em construir um mundo melhor, que tal nos livrar dos pré-conceitos impostos pelos costumes e hábitos irrefletidos da sociedade?

Se buscamos o universalismo, somos obrigados a compreender o quão amplo é esse termo.

Somos obrigados a compreender, o quão profundo é esse ideal.

"Na necessária unidade, na dúvida liberdade, em todas as coisas caridade." (Santo Agostinho)

A unidade necessária, só pode ser validada por propósitos morais aceitos por toda a humanidade.

Do contrário, não há universalidade.Há somente a geração e a sustentação de pseudo-necessidades que degeneram o espírito humano.Isso não pode e nem deve mais ocorrer.A postura condescendente com esse mecanismo, ou seja, o mecanismo que sustenta a “necessidade do escândalo”, necessariamente deve ser - e será - erradicado pelo homem de bem.

A unidade de todos, em detrimento da unidade sectária de alguns grupos.

Eis a unidade necessária.

Com essa, não resta dúvidas ante a consciência.Busquemos a liberdade, em prol da caridade.

De todos.

"Nenhum homem é livre se não puder comandar a si mesmo." (Pitágoras)

Somente a moral é capaz de conduzir os homens a fraternidade.Independente de raça, religião, agremiação política ou filosófica.

Tolerância entre os seres, é a chave para essa moral.Mas não a tolerância ao erro, aquela que sustenta inconscientemente – ou conscientemente – a “necessidade do escândalo” como dito antes.

Como separar essa tênue linha?

A verdadeira tolerância, por John Locke:

”A necessidade (sic) em que nos encontramos de acreditar sem conhecimento e, muitas vezes, até sobre fracos fundamentos, no estágio passageiro da ação e da cegueira em que vivemos sobre a terra, esta necessidade, digo eu, deveria tornar-nos mais cuidadosos em nos instruir-nos a nós mesmos do que em obrigar os outros a aceitar nossas opiniões...
A opção que deveríamos tomar nesta ocasião seria ter piedade da nossa mútua ignorância e procurar dissipá-la por todas as vias suaves e honestas de que podemos nos lembrar para esclarecer o espírito, e não maltratar primeiramente os outros como pessoas obstinadas e perversas, porque não querem deixar as suas opiniões e aceitar as nossas...
Pois, onde está o homem que têm provas incontestáveis da verdade de tudo oque defende ou da falsidade de tudo o que condena, ou que pode dizer que examinou a fundo todas as suas opiniões ou todas as dos outros homens?”
[ in “Ensaio sobre o Entendimento humano” - 1671, IV cap.I6,4 – LOCKE, John ]

Em prol de todos, com quem ficamos?

Com todos, ou com apenas alguns?

Resta refletir.

"O Espiritismo não tem nacionalidade e não faz parte de nenhum culto existente; nenhuma classe social o impõe, visto que qualquer pessoa pode receber instruções de seus parentes e amigos de além-túmulo. Cumpre seja assim, para que ele possa conduzir todos os homens à fraternidade. Se não se mantivesse em terreno neutro, alimentaria as dissensões, em vez de apaziguá-las."
[ in Controle Universal do Ensino dos Espíritos - KARDEC, Allan ]

Tomamos oque foi concebido para ser universal para si?Ou no estágio passageiro da ação e da cegueira que vivemos sobre a terra, acabamos por esquecer que a verdade é de todos, e não de apenas alguns?

Que caridade é essa propagada por essa “nossa verdade”, que impede todos de ter acesso a essa?

Respondo:

Não há caridade, quando essa não é a favor do bem comum.Se defendemos a verdade, não nos deveríamos nos eximir de propaga-la a todos, sem exceção.Não há moral, onde habita o egoísmo e o sectarismo.

Não há moral onde habita meias-verdades.

"(...)muitas pessoas tropeçam pela vida até a beira do abismo sem saber onde estão indo.Às vezes, isso acontece porque aquele cuja vocação é dar expressão cultural aos seus pensamentos deixaram de examinar a verdade, preferindo o sucesso rápido ao esforço da indagação paciente sobre oque torna a vida digna de ser vivida." (Karol Wojtyla)

Não há moral, onde habita o proselitismo.

A todos os povos e a todas as crenças, o Espiritismo foi concebido.

E assim será.

”E quando isto acontecer, quando nós permitimos o sino da liberdade soar, quando nós deixarmos ele soar em toda moradia e todo vilarejo, em todo estado e em toda cidade, nós poderemos acelerar aquele dia quando todas as crianças de Deus, homens pretos e homens brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão unir mãos e cantar nas palavras do velho cântico negro:

"Livre afinal, livre afinal. Agradeço ao Deus todo-poderoso, nós somos livres afinal." (Marthin Luther King)


Texto de autoria do Raphael

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