Devemos saber o que é Filosofia, para podermos compreender melhor o aspecto filosófico do Espiritismo.
Que é Filosofia? Eis a pergunta que se faz, naturalmente, quando se iniciam estudos dessa natureza.
Tendo o Espiritismo, como se sabe, uma parte filosófica, é natural que procuremos ter,como base de conhecimentos gerais,pelo menos alguma noção do assunto.
Filosofia – diz se – é a Ciência dos porquês, justamente porque trata do porquê das coisas,isto é,explica a origem,a causa das coisas.
Isto, porém, é a Filosofia no sentido clássico.Modernamente,com o desenvolvimento das pesquisas científicas,a Filosofia é a atividade que consiste na coordenação dos fatos da Ciência,para que se encontre uma causa geral.É a Filosofia aplicada à Ciência.Filosofia é também concepção da vida e do Universo.No sentido amplo,porém,Filosofia quer dizer:explicação das causas,do porquê das coisas.Daí chamar-se “a Ciência das primeiras e últimas causas” segundo uma definição clássica.
Resumo do assunto: a Ciência examina a coisa,como ela é,de que se compõe,etc.; a Filosofia diz porque a coisa existe,qual a sua causa.Como se vê, a Ciência trata do conhecido,a Filosofia trata do desconhecido.Estas noções,como todas as outras deste estudo,são muito primárias,e por isso não passam de simples embocadura do assunto.Temos,portanto,no Espiritismo,também uma parte filosófica,porque:
a) – A parte científica trata do fenômeno,suas características,a lei que o rege, o mecanismo do fenômeno;
b) – A parte filosófica explica a origem do fenômeno, isto é, porque existe o Espírito,sua natureza, e para que fim se dá o fenômeno.
Temos aí, bem definidos, dois campos no Espiritismo: o científico e o filosófico.
FILOSOFIA e CIÊNCIA – O Espiritismo tem uma parte científica e outra filosófica,como já vimos. Há distinção entre Ciência e Filosofia.
A Ciência trata do concreto,a Filosofia trata do abstrato.A palavra Filosofia quer dizer “amor à sabedoria”.Diz a tradição que foi Pitágoras, sábio da antigüidade, quem propôs o uso da palavra “filósofo” para substituir o qualificativo de “sábio”,usado entre os antigos.Realmente filósofo (amigo do saber ou da Ciência) é o que procura a verdade, a razão de ser das coisas,a causa primária do universo e da vida,de acordo com a formação da palavra (Philos -amigo e Sophia - sabedoria, Ciência),ao passo que o qualificativo de sábio parece arrogante,porque dá idéia se saber tudo,não ignorar coisa alguma.Naturalmente,Pitágoras achou a designação de filósofo mais modesta do que a de sábio.O papel da Ciência, que não é moral nem imoral, não é religioso nem ateu, é examinar,experimentar,comparar,estudar os fenômenos e as suas leis para dizer,no fim de tudo,se uma coisa é ou não é;o papel da Filosofia é dizer porque a coisa existe e para que existe.Exemplo: a Ciência estuda o fenômeno,procura a lei do fenômeno,diz qual o agente do fenômeno(Espírito,por exemplo)que conclui a sua tarefa,afirmando ou negando;a Filosofia trata da causa que produz a lei,vai buscar a origem do Espírito que deu causa ao fenômeno.Temos,pois,no conhecimento humano,três departamentos:
a) A Ciência, que se preocupa com os fatos para verificar se é verdadeiro ou falso aquilo que se afirma.
b) A Filosofia, que se preocupa com a origem de tudo o que existe, a causa inteligente que produz o Espírito,etc.
c) A Moral, que se preocupa com a aplicação, o fim útil que devem ter as coisas.
Estes departamentos correspondem à seguinte escala: Ver (Ciência); Raciocinar (filosofia); praticar (moral).
Em suma, para terminar esta parte: A Ciência diz É ou não É; a Filosofia diz PORQUE; a moral diz COMO devemos proceder em face do que aprendemos, qual o uso que devemos fazer do conhecimento.
É o conjunto de princípios e leis, revelados pelos Espíritos Superiores, contidos nas obras de Allan Kardec, que constituem a Codificação Espírita: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese.
Todas as leis da Natureza são leis divinas, pois que Deus é o seu autor. Abrangem tanto as leis físicas como as leis morais.O Espiritismo deixa de parte as teorias nebulosas, desprende-se dos dogmas e das superstições e vai apoiar-se nas base inabalável da observação científica”.
Em que consiste a parte filosófica do Espiritismo? Na explicação das causas, do porque dos fenômenos e suas conseqüências morais. Quando se tem a idéia geral do que é Filosofia, pode-se interpretar a parte filosófica do Espiritismo.
Assim, pois, a parte filosófica do Espiritismo abrange a questão da causa, da origem do espírito, como a origem do Universo e, finalmente, as conseqüências morais de tais indagações.Toda doutrina tem os seus princípios gerais. Quando se inicia o estudo de uma doutrina, logo se pergunta: quais são os princípios gerais, ou princípios básicos desta doutrina? Então, para estudar o Espiritismo, convém saber, de antemão, quais são os seus princípios fundamentais.Os princípios básicos ou fundamentais que caracterizam as doutrinas.
O Espiritismo tem os seguintes princípios básicos:
imortalidade da alma;
reencarnação;
existência de Deus.
Pelo enunciado destes princípios, qualquer pessoa que não conheça o
Espiritismo, já sabe que está lidando ou vai lidar com uma doutrina imortalista,
reencarnacionista e deísta. Tem-se aí a idéia geral da Doutrina.
O método científico (indutivo) de Galileu e Newton, é aquele que se acumulam dados experimentais (Bacon), formulam-se hipóteses de trabalho, seguidas de rigorosa experimentação (cartesianismo), para que as teorias se ajustem aos fatos e não vice-versa.
Há uma crença automática, natural, herança arquétipa das gerações passadas, que induz à aceitação dos fatos, das idéias e experiências, sem análise racional. E existe aqueloutra, que é resultado da elaboração da lógica, das evidências dos acontecimentos com as quais a razão anui. Crê-se, portanto, por instinto e por conhecimento experimental.
As velhas crenças, ainda influenciadas pelo espiritualismo da Idade Média, afirmavam a imortalidade da alma após a morte; mas de que servia a afirmação, se não havia provas? O Espiritismo, com o seu conteúdo objetivo de fatos atinentes à sobrevivência da alma, reergueu a filosofia espiritualista, revigorou a crença em Deus. As religiões devem, portanto, grande serviço ao Espiritismo, justamente porque o Espiritismo lhes fornece elementos que provam a imortalidade da alma, que é a base de toda a concepção da vida futura ou vida espiritual.Ora,pelo fato de o Espiritismo constituir-se de em Doutrina progressista,não quer dizer anexar a ela tudo aquilo que nos convenha,pois que nos foi legada integral em sua estrutura liberta de atavios e idiossincrasias desta ou daquela cultura.Eis o caráter universalista da Doutrina dos Espíritos:não privilegia nenhum povo ou cultura,nem se encontra vinculada ao Ocidente ou ao Oriente,pois ensina que a Humanidade é constituída de Espíritos imortais e não de "orientais" ou "ocidentais",pois que as VERDADES ESPIRITUAIS SÃO ÚNICAS,ESTANDO AS LEIS DE DEUS VIGORANDO EM TODOS OS CANTOS DO PLANETA E EM TODO O UNIVERSO.Atentar para o fascínio que exercem as várias colocações espiritualistas através de seus ritos,das suas expressões atávicas,dos seus modismos,produzem muito impacto nas mentes sonhadoras e pelo desconhecimento das bases da Doutrina Espírita,que não tem culto,não tem ritual e e nem está vinculada aos atavismos clericais do passado,sem inserir novos cultos e novos ritos como parte integrante do Espiritismo.Essa tendência sincrética é própria dos encarnados e Espíritos pouco evoluídos,que gostam de impor suas idiossincrasias culturais e propostas religiosas para o corpo doutrinário do Espiritismo.Há muita confusão ideológica.O Espiritismo é uma Doutrina universalista,mas é indispensável não levar a noção de universalismo ao arbítrio de acomodações inconvenientes,senão prejudiciais à clareza do espírito analítico.O Espiritismo é universalista,porque os fatos do Espírito são universais,os seus problemas tem o sentido da universalidade,mas também é oportuno acentuar que o ESPIRITISMO NÃO É UMA FORMA DE SINCRETISMO DOUTRINÁRIO OU RELIGIOSO, SEM UNIDADE OU CONSISTÊNCIA. Não, absolutamente. JÁ SE FALSEOU MUITO A IDÉIA DE UNIVERSALISMO. SER UNIVERSALISTA É TER VISÃO GLOBAL DO CONHECIMENTO,É ESTIMAR A UNIVERSALIDADE DOS VALORES ESPIRITUAIS ACIMA E ALÉM DE TODAS AS CONFIGURAÇÕES GEOGRÁFICAS OU HISTÓRICAS.UNIVERSALISMO É CONVICÇÃO, É UMA POSIÇÃO CONSCIENTE EM FACE DA CULTURA HUMANA E ESPIRITUAL;NÃO É PORTANTO, A JUNÇÃO PURA E SIMPLES DE CRENÇAS ,DOUTRINAS E PRÁTICAS DIVERSAS.
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2 comentários:
Querido(s) irmão(s);
Absolutamente coerente o seu artigo!
Foge do lugar comum, que nós espíritas, viciados no acolher, os engessamentos, trazidos e expostos, por irmãos (de boa vontade, é certo!), mesmo que conteúdo do ESDE, nos oferecem.
A matéria, conduz o leitor a ir além, o seu autor se expõe, de alma, no sentido de alargar o interesse do leitor. Parabéns!
Constitue-se uma forma de caridade, o que o Espiritismo espera de sua divulgação, em benefício de todos nós.
Um fraternal abraço,
Maridásio Martins
Salvador-Ba
ak.bomsenso@gmail.com
Parabéns amigo, seu texto é excelente. Muitos irmãos acreditam que ser Universalista é aceitar todas as novidades e crenças errôneas que surgem dentro da seara espiritualista e que devem ser assimiladas sem reservas pelo Espiritismo. O Espiritismo assimilará somente aquelas que estiverem sendo passadas pelo crivo da razão e da ciência, deixando de lado o supérfluo e a superstição. Sem sincretismos e rituais desnecessários.
um forte abraço!
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