Crimes Passionais – O Como e o Porque
Moura Rêgo
Há conversas nos fóruns Espíritas por onde escrevo, que mereçam ser comentadas.
Uma delas é a que lhes descrevo abaixo, com o excerto que faço da reposta que coloquei num fórum espírita da Internet.
Conversávamos, todos sobre um tópico, sugerido por um dos criadores do fórum e cujo título é:
- CRIMES PASSIONAIS –
Ao começar minha resposta resolvi falar sobre o título, que foi uma das melhores sacadas que já vi expostas pela Internet, e a qual dava azo a que se desenvolvesse um pensamento embasado pela obra codificada que traria mais luz ao tema subentendido:
A PAIXÃO.
Escrevi eu:
Vocês atentaram para o título?
- CRIMES PASSIONAIS –
A que alude esse título, dentro do que ensine a obra codificada?
Exatamente! Aos atos irrefletidos que os cometemos sem reflexão alguma... Em suma: Por PAIXÃO.
Kardec, respondendo ao padre na obra “O Que é o Espiritismo” diz ao final de uma explicação sobre ser ou não religião a doutrina. "(...)mas a paixão não raciocina".
Notaram?
Não fala o codificador da afeição entre João e Maria, (posto que esta já tem um designativo: AFEIÇÃO), fala de outra natureza e qualidade do “sentir”, fala da PAIXÃO. Esta que dizem ser DESENFREADA, quer dizer, SEM FREIOS, ou seja, SEM MEDIDAS. E isso, embora nos pareça figura distante em nosso tempo e espaço, é figurinha carimbada nos dias de hoje, quer seja em Portugal, ou aqui no Brasil, por que? Porque, seja no Brasil ou em Madagascar, ainda hoje os Espíritos hão de ser da mesma classe e ordem, segundo a Escala Espírita, logo, Espíritos Imperfeitos.
Simples assim!
É amigos, falamos de PAIXÃO, mas com o entendimento de que esta seja o amor adoecido, que se esteia na posse, no ter, no querer sem raciocinar, por isso Kardec a disse não raciocinar e com justa razão
Diz o Espírito Vianna de Carvalho, que essa PAIXÃO é a paixão criança, que não vê outro senão ela mesma e sua vontade e alegria e que, por isso mesmo sofre a dor, seja em que matiz o for. Se abusa do ciúme, sofre a solidão. Se abusa da insegurança, sofre com o medo de perder e por ai vai...
Assim e nesse andar trôpego e indeciso, quem caminha pelas pernas da PAIXÃO, pode uma vez, chegar as raias do crime... E mata. O pior é que ainda embriagado pela PAIXÃO, diz: "matei por amor", ao que sempre respondo: "Me dá um tempo valeu?" Imaginem o maior intérprete e professor do amor, matando algo ou alguém... Isso mesmo Jesus!
O Vitor e a Susaninha já devem estar gritando, "para com isso Raimundo, ninguém merece!", o Paulo e o Francisco afirmam, o Moura está doidão, Jesus a matar alguém? "Minha maninha Olga, estarrecida escreve: "maninho Moura, sem querer te contrariar e já contrariando, posso afirmar que não está em nenhum local da doutrina tal informação." E assim, todos deste fórum opinarão no mesmo sentido. E estarão todos cobertos de razão... E razão Espírita!!!
Não há senão na PAIXÃO, o eivo do crime, exatamente porque a PAIXÃO nos remete ao mais distante dos liames, aquele que nos liga a animalidade. O Instinto. Que nesse caso é, além de primário, irracional.
Ao invés de matar, quer seja a esperança, Jesus pontificou no Bem e no Amor, toda a sua cátedra, nós fomos os maus alunos, que cabulando as aulas do Mestre, nos encontramos hoje aqui, neste que é, dos mundos um dos mais atrasados, a estagiarmos ainda nos primórdios do conhecimento. Por isso relembro, nesse fechamento, as palavras dos Espíritos Superiores, quando responderam sobre a possibilidade de mais rápido avanço para o Espírito encarnado:
"Disse o filosofo: conhece-te a ti mesmo!”
Amigos, aquele que, pautando-se no Bem age com amor, por certo elucida suas questões e progride, sigamo-lo sem medo e progrediremos também, atrás de nós deixando a chaga dolorida da PAIXÃO CEGA que tal como a fé, quando cega, não representa um bom alicerce.
Muita paz.
Rio de Janeiro, 23 de maio de 2007.
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